Foto: Polícia Civil (Divulgação)
Depois de uma madrugada assustadora em Formigueiro, onde uma quadrilha arrombou uma agência do Banco do Brasil (BB), explodiu parte da agência do Banrisul e fez reféns, a dona de um posto de combustíveis vizinho de um dos bancos conversou com o Diário e contou detalhes sobre os ataques desta sexta-feira. Segundo a empresária, que teve um de seus frentistas feito refém, os vizinhos telefonaram avisando das explosões.
- Depois da terceira explosão, me ligaram para saber o que estava acontecendo. Eu tentei ligar para o frentista, mas ele não atendeu. Um tempo depois, ele voltou até o posto, quando foi liberado, e me ligou. Foi só aí que pude entender o que havia acontecido - contou a empresária, que teve a identidade preservada pelo Diário.
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As imagens das câmeras de monitoramento do posto mostram que a quadrilha chegou em um HB20 de cor prata. Dentro do carro, havia cinco pessoas, todas encapuzadas. Dois dos bandidos foram até o frentista e o obrigaram a abastecer o veículo. Os outros três se dirigiram à agência do Banco do Brasil, onde quebraram vidros e arrombaram a porta, mas não levaram dinheiro.
Segundo a empresária, o frentista contou que, durante o ataque, a quadrilha cronometrava o tempo da ação. O frentista foi levado, junto com os bandidos, até a agência do Banrisul, que fica a uma quadra do Banco do Brasil. Neste local, a quadrilha realizou as explosões, da entrada até os fundos da agência. O vigilante da agência bancária também foi feito refém.
- A gente sabia que o dia em que alguma coisa acontecesse nos bancos, envolveria o posto, por ser muito próximo, mas, mesmo assim, ficamos muito assustados.
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Após pegarem dinheiro do cofre e de dois caixas eletrônicos, os bandidos fugiram. O carro usado na ação foi localizado pela Polícia Civil nesta manhã, há cerca de 6 quilômetros do local dos ataques, no interior do município. A polícia segue fazendo buscas aos bandidos, mas, até agora, ninguém foi preso.
CASA VIZINHA TEM PAREDE DANIFICADA
A moradora da casa vizinha do Banrisul teve parte da residência destruída devido às explosões. Conforme a dona do posto de combustíveis, uma das paredes da cozinha desmoronou, e a polícia avalia o risco de um novo desmoronamento no local. Nesta manhã, o frentista e o vigilante já haviam prestado depoimento na Delegacia de Polícia Civil. Os moradores da residência estavam sendo ouvidos pelo delegado Sandro Meinerz no final desta manhã.
POPULAÇÃO ASSUSTADA
Em conversa com a reportagem, o prefeito de Formigueiro, Jocelvio Gonçalves Cardoso (PMDB), relatou que a vizinha do banco é sua conhecida e estava sozinha no momento das explosões:
- E o trauma dessas pessoas? Imagina você ser acordado com um barulho de explosão? A nossa preocupação com a comunidade é muito grande. Moramos em uma cidade pequena e, graças a Deus, não houve agressões físicas, mas a comunidade está assustada - relatou.
PRIMEIRO DIA DE INVESTIGAÇÃO
De acordo com o delegado Sandro Meinerz, no primeiro dia de investigação, a polícia ouviu moradores, reféns e servidores dos bancos e realizou a coleta de material para perícia no carro abandonado. Os policiais ainda vão analisar as imagens que foram coletadas de câmeras de monitoramento de estabelecimentos privados. O próximo passo da investigação será a localização do carro que teria apanhado os assaltantes depois que o HB20 foi abandonado.
O delegado acredita que os suspeitos não têm ligação com integrantes da quadrilha presa em Ijuí na semana passada.
Também não há informações sobre quanto foi levado da agência do Banrisul. A Polícia acredita que com uma das explosões, o cofre caiu para fora da agência e os bandidos utilizaram mais explosivos para abri-lo.
SEM VIATURA E PLANTÃO NOTURNO
Uma das preocupação do prefeito é com a segurança de Formigueiro. Segundo ele, a cidade dispõe de 5 a 6 policiais, mas que não trabalham à noite. Além disso, a cidade não tem uma viatura da Brigada Militar própria.
- Temos uma viatura compartilhada com São Sepé, que atende a cidade de noite. Os policiais são ótimos e se esforçam para resolver os problemas mesmo fora do plantão, mas nós temos de melhorar a nossa segurança. Quando assumi, a cidade não tinha policiais, era atendida por uma patrulha compartilhada. Conseguimos, com um abaixo-assinado, ter policiais exclusivos de novo. Agora, vamos batalhar por uma viatura própria e mais policiais. Também estamos agendando com as entidades representativas uma reunião para meados deste mês. Vamos pedir ajuda da comunidade para implantar um sistema de monitoramento de câmeras nas ruas. O nosso sonho é ter segurança ideal, mas sabemos que essa não é a realidade de muitos municípios pequenos - afirmou o prefeito.
O coronel Marcus Vinicius Sousa Dutra, chefe do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) Central, explicou que a escala do efetivo em Formigueiro apresenta falhas em turnos, o que não significa que o posto local fica desguarnecido todas as noites. Segundo ele, as escalas são construídas em horários alternados e muitas vezes são reforçadas com horas extras e rondas do Batalhão de Operações Especiais (BOE).
_ Tentamos agir sempre de forma previdente. O efetivo não é o ideal, mas, dentro dos meios que dispomos, temos que atuar com inteligência e planejamento. Para suprir estas lacunas, contamos com remanejos de policiais, horas extras e com o trabalho do 2º BOE, que atende os municípios da nossa área de atuação _ explicou.